quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ensaio sobre o cuidar







Cuidar em demasiado do próximo é característica feminina, fazer-se presente e aparar arestas de atos alheios para parecer mais perfeito.

Condicionada a cuidar, desde sua primeira boneca até o resto da vida de seus filhos, nenhuma mulher é só mulher, ela também é filha, irmã, amiga, esposa, mãe, cuida tanto do próximo que acaba esquecendo de cuidar de si mesma.

Ter perspectivas diferentes destas, torna-se algo conflitante demais internamente, ao mesmo tempo que em se defende a autonomia e independência feminina, recheada de escolhas e opções, abandonar em definitivo esta concepção impregnada de uma criação matriarcal em uma sociedade machista, é algo impossível. Muitas mulheres que se tornam independentes, solteiras e desprendidas de laços de responsabilidades diretas com outros ser, mesmo que felizes por esta conquista, sentem ao fundo da alma, um estranho espaço, que tenta ser incessantemente preenchido por inúmeras coisas, porém só acontecerá quando vínculos afetivos diretos e compromissados forem estabelecidos.

O passar dos anos só exemplifica a eterna fome das mulheres pelo amor de formas cada vez mais clara, é de conhecimento público, e já virou até motivo de sátiras, a crise feminina dos 30 anos, onde mulheres desesperam-se a procura de possíveis maridos e provedores de estabilidade para um promissor lar. Esse comportamento vem de um acumulo da idéia da obrigatoriedade do cuidar, adquirida subconscientemente durante toda uma vida, que em citado momento tende por aflorar abruptamente.

Ainda continuo a renegar essa estranha necessidade de cuidar, continuo muito feliz pela conquista de tão sonhada independência, mas não seria de todo mal, poder dividir-se em alguém.