terça-feira, 22 de novembro de 2011

Do coração foi roubado

Há quem diga que sabe o que é saudade, mas os que realmente sabem, não falam dela, para não chama-la para perto de sí. Do peito foi roubado algo, e esse algo que se foi, deixou um enorme buraco, e esse buraco impede que se possa respirar, também impede que se possa enxergar, faz com que a cabeça passe a doer e que nada mais tenha importância se não aquela enorme dor que parece a cada minuto ficar maior.
A tristeza é companheira, e o medo é constante, de repente se perde o caminho que se estava seguindo, e ao não se sabe mais aonde ir, a jornada está sendo difícil desde que do peito algo foi roubado, e já não sei de mais nada.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Nada mais rodopia.


Eu morri e ninguém viu, eu morri e levaram sete dias encontrar meu corpo, e a noticia da minha morte não chocou ninguém, não ouve alarde, todos seguiram com suas vidas sem nenhum abalo, todos completamente indiferentes, nem eu, nem a noticia de minha morte ecoamos por ai, toda a vida seguiu sem nenhum atraso. minha inercia me matou aos poucos, consumiu todo meu corpo até não sobrar mais nada,mas ninguém viu, eu pedi a muitos, eu chorei por todos, mas ninguém estava lá. Rasguei minha carne, marquei minha pele, mas ainda assim nem eu vi, nem eu escutei os gritos de desespero dentro de mim, foi passando, era mais um dia, mais noite e o ano se foi.
Preciso que o mundo volte a girar, como as piruetas da bailarina, preciso sentir o mundo vivo dentro de mim, nada mais rodopia.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Meu pequeno mundo


Estava aqui, no silencio escuro desta casa, cuidando do pequeno mundo em minhas mãos, sonhando com aquele futuro colorido que se projeta ao longe, guardando as pequenas relíquias da vida nos frasquinhos de vidro sobre a mesa, na calmaria destes dias que de súbito me roubaram. Me roubaram tudo, esta casa, estes sonhos, meu escuro, meu silencio rompido por quem toca a porta.
A verdade que lhe diz que o teu sonho é tão frágil quanto os frasquinhos de vidro que estavam em suas mãos, corre de um lado para o outro e tenta fugir do teu algoz, mas não adianta, estou na sua sombra, e lhe toco o ombro com a mão pesada que carrega as tuas lamúrias, não se esconda, eu sei onde te encontrar, não adianta chorar porque suas lagrimas só me alimentam, sei do teu medo, e sou o seu medo, e você mora em mim dentro do frasquinho de vidro, no pequeno mundo em minhas mãos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Inacabado


--Foi bastante complicado para Ela.
Porém, passado o momento angustiante, Ela, pouco a pouco abre seus pequenos olhos. Olhos indefesos, desprovidos, ingênuos.
Começa a sentir o ar...Nota-o exacerbado. Faz uso de sua visão, no entanto, pouco ela poderá lhe oferecer. Tamanha claridade cega-a.
Ela é sensível, sente que seu lugar não é aqui.
Está inacabado tal qual canto sem música; fruta sem semente, flor sem aroma.
Passa o tempo em seu delírio, solidão.
Ela se tranca.
Cai em descanso profundo e põe-se a meditar.
Vem dia, vai dia...vem noite, vai noite...
Até que, então, a nostalgia que reservava em seu coração torna-se calmaria. Ela não deseja sucumbir no mar da incompreensão.
Não! Quer experimentar.
Sentir cada gota de orvalho a cair em sua face, vislumbrar a dança dos vaga-lumes no cair da noite, ouvir o falar dos pássaros.
Ora, vejam! Ela despertou!
Encontrou, enfim, a parte que lhe faltava.
Doravante poderá crer em todos os seres, achou a essência do seu viver, e por isso, Ela passa com formosura. Enfeitiça a todos que para Ela desviarem o olhar.
Agora permanecerá eternamente com esta forma. Gozará de tudo que esta vida possa lhe dar, vivendo intensamente todos os seus suspiros e alcançará a mais plena felicidade. Portanto, abandone a obscuridade, tente entendê-la, não tenha medo. Acredite em sua essência, não desconfie da vida.
Algum dia a vida revelar-te-á a parte que lhe falta, pequena lagarta.
Há de se transformar em uma admirável borboleta, e alcançará a mais plena felicidade!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Inferno astral


Dizem sobre inferno astral, com o aniversário na esquina não me admira o mundo estar embrulhando meu estomago, tudo caótico, emprego bom, virou inferno, cidade que amo, não faz mais sentido viver nela.
Não sei se é o peso da idade chegando mas a única coisa que faz todo sentido nesse momento é parte da letra de uma musica que não ouvia a pelo menos 5 anos (take me away from this big bad worldand, agree to marry me, so we can start over again...).

ANIVERSÁRIO, qual será minha proxima tatoo? Sera que vou ficar deprê esse ano tbm?

Inferno, de repente fiquei ultra responsável, e comedida, já falei que estou econômica também?

To jogando tudo para o alto, não faz sentido acordar antes do dia raiar,não por obrigação, se não for divertido não tem mais sentido!

Adoro os dias 27 de todos os meses, acho que sempre tenho sorte nesses dias, coisas muito boas me acontecem nos dias 27, ja conheci pessoas otimas, inclusive o homem com quem quero passar o resto da vida, minha mãe nasceu em um dia 27, todas essas coisas que fazem mais sentido do que ser proletário.

Tenho que agradecer primeiramente ao Homem (com H grande msm) ao meu lado, por me apoiar nas minhas decisões, ele sim é um companheiro de verdade!

Tenho que agradecer a Carla, a menina do cabelo pro alto, que me deu a força final para chutar o balde!

Estou com saudades dos meus gatos, desde antes de viajar não vejo eles, e eles sim valem à pena!

São Paulo agora faz mais sentido, mas está adiado até pelo menos 2016(muitos, muitos projetos a serem realizados nesse meio tempo, tipo amadurecer, casar, ha tá! ter um filho tbm!) se tudo der certo, se não, coloco a mochila nas costa amanhã msm e vou para terra da garoa que tem onibus elétrico e metrô que funciona!

A mulher da caixa econômica está se fazendo de dificil para abrir minha poupança, PORRA! como é que vou guardar dinheiro? Minha cunhada falou que é muito bom!

De repente o mundo ficou hostil, e eu virei uma criança indefesa?

As vezes o Centro da cidade quer me devorar!

Meu cargo agora é fiscal de papel, sabe tipo em repartição publica? NÃO TO FAZENDO NADA POR QUE TEM ALGUÉM TRABALHANDO NO MEU LUGAR!

Odeio gente ingrata! PRONTOFALEI!

Ainda nem arrumei tempo para visitar meu ap novo, mas sei que ele é o meu ap, na verdade já estou fazendo até um projeto de decoração para ele.

O ateliê acabou, meu ultimo refúgio, muita coisa boa eu tinha lá, fazer o que? É hora de se desfazer de algumas coisas...

Tenho saudades do meu irmão e queria ser mais proxima dele, mas a vida embaralhou tudo e não da mais!

Nada faz sentido, muito menos esse post aqui!

Otima namorada, otima nora, péssima filha!

Agora sim tudo faz sentido!

domingo, 5 de junho de 2011

Transitar entre dois mundos


Relembrar de coisas que foste obrigado a esquecer, como por sadismo de um deus que ri de você a cada tropeção e a cada lágrima que rola de seu rosto. Ainda não descobri se é melhor ou não, não ter memória, não ter laços, ser uma eterna andarilha, não sei se ainda há fascínio nestes olhos pela beira do abismo, mas já houve essa certeza, e já ouve a ansiedade de estar sempre no limite de tudo. Já não estou confortável em transitar entre dois mundos, e ainda assim não pertencer a nenhum deles, talvez seja esse o preço que se paga ao ter esse privilégio, fazer acordos obscuros para se ter o que deseja sempre trás consequências.
Romper consigo mesma, dividir-se em duas, e desafiar os deuses que te abandonaram em outras épocas, ser livre unicamente pelo respaldo da própria coragem. Viver mais um dia, sem saber se ele será cheio ou vazio, vagar solitariamente pelas ruas do Centro observando o desespero alheio, enquanto o seu mundo gira de forma mais lenta, só por que você não tem para onde ir, só por que hoje você está só.
Não será hoje o dia da redenção, ainda não será hoje que terás o teu próprio leito para desfrutar o desejado descanso, enquanto isso aluga com o corpo horas de outros na esperança de que receba em troca um lugar para uma passageira calmaria de um descanso pré-acordado.
Ser o que é por que vc acha que escolheu ser, mas por breves momentos vc descobre que na verdade vc é o que o destino lhe encaminhou ser, e ai vc perde a identidade, já não sabe mais quais foram realmente suas escolhas, e percebe que tem que escolher um dos dois caminhos, e na escolha se vê condenada ao exílio tendo que viver longe de tudo que lhe é familiar.
Reconstruir do zero, encontrar alguém para acalmar o frio dos seus pés e de suas mãos, alguém que lhe abrigue nas horas mais escuras do seu dia, alguém que se dedique a sua felicidade, alguém que entenda a ausência de suas raízes e que não pergunte o por que da sua única bagagem de mão. Acostumar-se a ter alguém ao seu lado, e finalmente entender que achou o que procurava.

"As pessoas mais difíceis de se amar, são as que mais precisam de amor''

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mentira


É mentira, é mentira e tudo mentira, conto-lhe com pesar a verdade de que não adianta dar teu sangue, não adianta chorar rios, não adianta esfolar os teus pés e mãos tentando fazer o que não se pode, há dias em que o mundo simplesmente não te enxerga, e há épocas que as sombras de outros te encobrem.
Repetindo o ato e o rito dedicando-me ao mundo por completo, fazendo o melhor de mim, escrevendo torto por linhas retas, no fim só se vê as curvas, e parece que toda a poesia perde o encanto por conta das amaldiçoadas curvas, curvas que desfiguram tudo, que fazem perder o sentido e a beleza, as curvas do meu corpo.
Vou fazer-me esquecer o mundo, e quero que ele me esqueça tbm, porque já é vista a certeza de que não serei nada melhor, manterei os bons modos que me foram ensinados, manterei o animal que uiva dentro de mim, manterei-me blasé enquanto o mundo mergulha no caos.
Não sei viver pela metade, e não sei e não quero aprender, contudo também não quero me aflorar como dona da verdade.
Inclino presentes ao colo que me abriga, tais como primaveras e gargalhadas e não entendo a volta de céus cor de gelo e tempestades no olhar, então é uma falta minha, tudo me é devido responsabilidade do mal sobre tua casa, da praga nos teus campos, e da seca nas tuas fontes. Me deixe dormir, mas me deixe no teu ombro para que eu possa sonhar que tudo isso é mentira, é mentira e tudo mentira.

Pedacinho por pedacinho






Não vou dizer, acho que não tenho mais nada a ser dito, o que tenho a dizer direi nos olhos, a boca já não serve mais para isso, mais uma vez estou de fora, mais uma vez e não sei nem como errei por assim dizer. Vou te sussurrar aos ouvidos o porque desta angustia, e ai vc vai saber, mas isso não muda nada, não faz nada melhor, o peito continuará apertado, e o nó engasgado.


Imagine uma borboleta, e toda sua beleza, agora imagine que lhe arracam as asas aos pedacinhos, ela pode não morrer, mas nunca mais voltará a voar, como se diz a alguém que conhece o céu, que jamais voltará a toca-lo?

Eles tem me tirado tudo, pedacinho por pedacinho, aos poucos só vai me restando a angustia, queria ter devolta tudo o que foi meu, para que eu podesse lhe oferecer algo melhor que um rosto cansado, queria estar nos seus braços agora, para me livrar do medo do mundo. Já não suporto mais lutar com meus demonios, com seus fantasmas, com os anciãos profetas do meu passado, não aguento mais o despero comprensado em mim,todo o desespero que só acaba no mar, sinto que por vezes vou sufocar, tenho que conquistar o mundo, mas nem consigo conquistar vc.

sábado, 9 de abril de 2011

Open your eyes


Os olhos que são as portas da alma, os meus os teus, os nossos que são de outros, de outros que não são meus. Os teus por vezes me contam primaveras, por vezes inverno, os meus gritam luxurias nas tuas mãos, as mesmas que procuro em desespero quando eles só conhecem a desolação de um labirinto.
O mensageiro à porta me contou em seus olhos toda a história de um mundo desconhecido, verdades irreais para nós, fatos além de nós, além do meu corpo inerte, estarrecida pelo o que vi, pesada pelo o que sonhei, e agora destrinchado em palavras vagas.
Quando o mundo de súbito lhe toca a alma e te faz refletir sobre muito, sobre os seus e os de outros, quando tudo parece lhe desmoronar sobre a cabeça com a avalanches de verdades ignoradas pelo simples desconhecimento do além de sí, é verdade que seus olhos estão abertos.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Na vida só se oferece aos outros o que se tem em abundancia.


Conto-te nesses poucos trechos escritos que os teus desejos de lamuria para os meus dias em sua ausência não se fizeram verdade, tudo o que foi levado não fez falta, e o espaço deixado preencheu-se de amor, sua escolha se fez verdadeira, e a minha também.

Os teus desejos de mau agouro sobre mim trouxeram dias de desespero, contudo lhe digo que o seu maior desejo de ver-me na loucura não se concretizou. Embora o meu mundo tenha se desfeito sob os meus pés e as mãos já não toquem mais nada sólido, minha felicidade continua intacta.

Não lhe desejo o mal, e não lhe apagarei da memória, embora vc já não exista em nenhum canto desta casa, guardarei sua imagem no intimo, para que nos momentos de provação possa lembrar-me com clareza de como sou maior que isso, e que dias ruins são a promessa selada de uma felicidade desmedida, e que não adianta tentar afoga-los em garrafas de whiskey.

Já não é tempo de responsabilidades, agradeço pelos dias felizes, e ainda mais pelos tristes, pois foram estes que me fizeram crescer, mas se for lhe fazer melhor, pode deixar a culpa nas minhas mãos não sujas.

Conto-lhe a certeza de um amanhã que renasce resplandecente, e aos teus desejos de mau agouro, respondo com flores e felicidade, porque na vida só se oferece aos outros o que se tem em abundancia.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mínimas fidelidades noturnas


Não está, não aqui, se foi, esvaziou, desfez, transformou-se e diluiu, isso resume a sua presença ausente, vc que agora não está em seus olhos que me espelham como desconhecida, para onde foi a doçura dos teus olhos? Gostaria de saber o que te leva assim de mim, me deixando meio opaca.
Os sons da noite me assustaram e me fizeram chorar, mas vc não estava lá para me consolar, rompeu com nosso pacto noturno, aquele que fizemos no dia em que vc me acolheu no teu ombro e eu em meu sono te jurei amor. Foste tão ausente de mim que quase morri de frio, e os tremores do inverno só se acalmaram na insistência da lembrança de noites mais quentes para nós, noites em que faço do despir-me um pedido, dos dedos enlaçados nas voltas dos cabelos, nas voltas do corpo, do silêncio permissivo, e em que a tua imagem resumida são seus olhos refletindo os meus pela proximidade de nossos corpos.
Vc me visitou em meu sono para me dizer que estava tudo bem, mas ao meu lado ignorou o roçar da minha pele nua na tua, e isso me doeu, sou presa as nossas mínimas fidelidades noturnas, o rito conhecido do nosso leito, mas o carinho dos teus pés nos meus parece ser só o que me sobrou esta noite.
Vou fazer a tua essência prevalecer à tua existência da noite de hj, e continuar amando as tuas simples imperfeições que se vão com a chegada do alvorecer, sonhei com estas palavras uma à uma toda à noite da tua ausência, e só desejo que no seu despertar os teus olhos me reconheçam e vc volte para mim.

Eu era, eu fui, eu sou


Deixe que eu respire, deixe que eu consiga sentir o ar entrar em meus pulmões, deixe que eu sinta minha pele arder, deixe que eu sinta doer, as vezes é preciso que doa, para se saber que é real, que se está vivo. Preciso ter certeza de algumas coisas, e todas essas coisas são aquelas que não se pode dar certeza de nada, deixe eu ser parte de algo, sou parte de tudo e de todos que passaram por mim, no entanto não sou ninguém, sei que sou alguém, mas não sei quem sou, como se tivesse acordado nesta vida, neste corpo, depois de uma amnésia. Sou uma e várias, fui, sou, estou, todas as mil almas em mim, em um jovem rosto e uma velha alma, tão milenar quanto a areia minha alma envelhecida, como se os dias nunca fossem novos e todas as ruas fossem velhas conhecidas.
O mundo não me quis, rompeu comigo no ímpeto do meu inicio, e quis me guardar para outras épocas, mas eu insisti, agarrei minha teimosia e continuei, tornei-me um caos, uma desordem milimétricamente organizada, e em minha espera abdiquei para voltar, mas só poderia voltar ao mundo sem identidade, motivo de minha queda, eu que nasci para não me encaixar em nada, me encaixaria em qualquer espaço, seria volátil, solúvel, e metamorfa, embora não faça parte de nada.
Eu aconteço para o mundo, embora o mundo não aconteça para mim, eu aconteço e morro em toda a inércia dentro de mim do mundo que gira em meu ventre, meu ventre inerte, eu era, eu fui, eu sou, todos os pretéritos futuros deste presente.
Eu nunca teria a tão prometida alma gêmea, por ser unica, por não ter alma, não poderia encontrar a metade do que não existe, e este foi o preço da minha rebeldia, seguidoura das minhas solitárias horas, a descoberta disto, me enlouqueceu aos gritos, gritos que partiram de mim para o mundo e de repente se fundiu com o tudo e todos que não eram eu, nem meus, e aos prantos implorei o perdão, que me foi negado, então me dispus ao pacto, em um pequeno vidro mil lágrimas pela promessa...
... fui prometida pelas cartas e entregue pelas peças.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Nenhum deles se perpetua


Nenhum deles se perpetua, todos se vão, todos que por algum motivo deveriam ficar, todos que desejei que ficassem, a sensação é igual a de tentar segurar a água fechando punho, ela escorre entre os dedos e o que sobra são só vestígios de uma mão úmida.
Nos primeiros anos achei ser por culpa minha, o motivo era meu peso, era pesada demais, uma responsabilidade que não se pode ganhar, é a responsabilidade que tem que ser desejada no intimo, mas nunca fui, e me tornei o peso, e como tudo que se torna insuportável manter junto de sí durante a jornada deve ser abandonado, assim foi feito. Já na mocidade a virtude se tornou encantadora, mas o encanto não dura, a entrega da virtude desfez o encanto, como papel na água que se passa muito tempo imerso, ao toque das mãos se desfaz até não sobrar nada. E a quebra do encanto despedaça sonhos, doces sonhos colecionados durante o amadurecimento de um fruto e mortos quando este fruto se choca já podre contra o chão , por fim é a morte de inocentes para alimentar pecadores.
Anos passam, feridas se curam, mas cicatrizes diferentemente deles, elas se perpetuam, e ficam lá gravadas na pele e na alma, para nunca serem esquecidas, para sempre marcarem a partida de um e a chegada do próximo.
Quando o mar se faz em calmaria, talvez seja um convite a navegar, já sou pirata, uma vez pirata sempre pirata, neste momento era dona de um veleiro que abrigava minha vida, e toda vez que um ancoradouro se tornasse amargo, minha felicidade iria aportar em outro lugar. Já cansada de tabernáculos e prostíbulos, aportei em um porto idoso, que só abrigava velha casas, pedi abrigo em uma e fui acolhida, mas sempre tratada com forasteira, nem os braços que me acolheram na intimidade dos lençois frios conseguia me fazer ser parte dali, eu era tempestade daqueles dias, e naquela casa só se conhecia calmaria, era um mundo indefeso de mim, mas era eu que precisava de proteção, e tudo que encontrei foi o saber que ''a carência eterna cansa''.
Desesperadores são os dias de abandonos, dias ocos, dolorosos e apertados, rasgar a pele e a carne, proporcionar a dor no físico talvez acalme a dor dentro de mim, talvez liberte meus pulmões para que eu volte a respirar, para colar o meu mundo em pedaços e entender que tudo sou eu, eu sou o tudo, eu faço e desfaço.
Os anos me ensinaram que o mundo não está preparado para mim, um universo não pode caber dentro de um mundo, então contive meu universo, tentei ser o que achavam que eu deveria ser, quase me sufoquei para me manter assim, a ponto de desistir, achei ter encontrado o que procurava. Promessas de um homem, vida de um rapaz, colo de um pai, isso tudo para mim, desde que eu renunciasse quem eu era, jurando com uma mão no peito e outra sobre a biblia, me daria tudo o que eu perdi durante os anos de minha vida, tudo o que me era de direito, agora seria meu, feito por mim, com minhas mãos, desde que eu pagasse o preço. No momento em que assinei com meu sangue aqueles papéis, o teatro encenado para me enfeitiçar os olhos, pegou fogo, se queimou por inteiro e o que sobrou foram apenas cinzas e roxos no braço.
Recomeça desfaz toda a beleza, ja é meu conhecimento que tudo que toco, se estraga, que eu os assusto e destruo, por isso não se perpetuam ao meu lado. Nasci para ser só, pq as cicatrizes dessa jornada já são grandes demais e não as posso esconder, já me deformaram e não posso mais disfarçar, sou suja, egocêntrica, inconstante e meio desmedida.
Ainda me resta uma pequena esperança de mudar o meu trágico destino, dei ela a vc em um potinho frágil de vidro, te contei e mostrei a essência do que sou, para que nunca digas que menti, ludibriei ou ocultei algo. No dia que bendisse o teu leito, esvai minha ira do mundo no sal do teu suor, ignorei minha fragilidade tornado-a ilicita, e lhe pedi com carinho para libertar-me das dores, afugentar-me o frio, que em troca teria minha companhia e nada mais.
Agora eu preciso de vc para acalmar minha eterna fome pelo amor, para que me faça entender que preciso deixar quem eu era, e me transformar em quem eu sou, eu só preciso que vc sobreviva à mim pq sou eu quem não pode te perder.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Coxas mornas


Admiro este homem deitado em minha cama, em um sono pesado de quem desfruta de algo essencial mas tbm racionado, este homem que logo assim que os raios de sol invadirem as janelas e rasgarem as cortinas despertará para mais um novo dia, e abandonará minha coxas mornas, ele se levantará dos meus lençois, e sentirá nas costas todo o peso de sua responsabilidade, partilhará comigo um café quente e um banho frio, vestirá suas roupas, me dará um beijo na testa e dirá com voz mansa que não deseja ir, mas terá, na porta me oferecerá um sorriso doce e um abraço apertado de despedida, para iniciar mais um dia pesado para ele, dia dividido entre cimento, andaimes e cal.
Em sua breve hora de descanso, me contará ao telefone seu cansaço e desanimo de um dia quente, mas ainda assim notarei em sua voz a satisfação de fazer o que se gosta. Ele voltará para sua rotina desgastante, entre luvas de procedimento, botas pesadas, cintos de segurança e capacetes, ele cumprirá com suas obrigações daquele dia.
Ao seu regresso o estarei esperando para servi-lo, não por obrigação, mas por orgulho de suas virtudes, lhe lavarei os pés para aliviar sua dor, lhe alimentarei a boca para lhe manter sempre forte, lhe satisfarei o sexo para agrada-lo em demasiado, e oferecerei o teu tão merecido descanso outra vez em minha cama e em minhas coxas, para que amanhã seja um novo dia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

8234 noites


Bendito seja o teu sangue, vermelho, quente, e espesso que é o mesmo que corre em minhas veias.
Mas não tão benditas foram suas escolhas, escolhas de toda tua madura vida que me causaram tanta dor, que me doeram nos ossos e nas víceras. Hoje a miséria faz da tua casa morada e vc foi acometido pela doença da morte, hj a importância dos teus atos te importa, já à mim se faz indiferente, como que se em uma brincadeira do destino tivéssemos invertidos os papéis da nossa peça.
Talvez no teu não amanhã eu lamente o teu destino, talvez eu até chore a ausência do teu não amanhecer, e talvez esse choro tenha o mesmo sabor de todas as outras 8234 noites marcadas à ferro na minha carne com a força do teu abandono. O teu abandono que ainda me amarga a boca e os amores, que ainda me pesa nas costas toda tua covardia, que me envergonha a face frente à verdade, e que me faz menos virtuosa aos cavalheiros que me cortejam.
Me perdoe se estas palavras lhe parecem duras, mas toda a dor que tu me causou nesses anos de lamúria, me endureceu para algumas coisas. Respeito hj de alma branda as tuas escolhas do passado, entendo que há momentos em que escolhemos nossas prioridades, e entendo eu não ter sido uma em tua vida. Então por favor entenda eu não querer partilhar da tua dor e angustia neste momento . O mundo me ofereceu flores e eu aceitei, estou colhendo todos os dias desde que abandonei o ninho vazio e triste que vc abandonou mts anos antes de mim, por vezes em meu caminho aparecem alguns espinhos, que me machucam as mãos e furam os pés, mas aceito de bom grado desde que sempre hajam flores, flores que amanhã colocarei sobre teu caixão.
Sem remorso e de olhos secos te digo que vc fenecerá por suas escolhas, que o que vc plantou, agora terá de colher, e a semente desta colheita foi o sofrimento e desamparo de uma garotinha, então o que brota dentro de ti é algo podre que lhe corroe por dentro, e lhe fará definhar na frente do espelho, para que possa ver todo o terror dos olhos da garotinha, espelhado nos seus.
Ficarei triste mais uma vez o dia que escreverei mais palavras amargas sobre vc nos capítulos da minha vida, não exatamente pela tua morte, e sim porque sempre idealizei o dia da tua redenção, mas infelizmente para ti, o tempo acabou.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Qual será sua aposta?


No tempo de um desprendimento de alma, fiz-me branca esquecendo a vida que já me pertencia, retomei velhos hábitos, experimentando o mundo velho e conhecido, passeie por cima da tua breve morada naqueles dias dourados para ti, em um bairro que parece não envelhecer, que se mantém quase que atemporal em suas luzes douradas de fim de tarde.
Invadi uma velha casa que estava de portas abertas a procura de guarida, nas ruas atormentadas daquele local muitos fizeram o mesmo, inclusive vc, vc que lá se alojara, naquela enorme e vazia casa, meio úmida e bagunçada, em um canto escuro fizera para ti um pequeno lar, com todas as suas histórias tu fez um teto, com memórias paredes e do teu talento fez um chão. No teu pequeno casebre de estruturas frágeis, vc guardou e expões parte da tua alma entre pequenos relicários e quinquilharias, muitos entraram em seu casabre, alguns convidados, outros não, porém todos de passagem, e eu que procurava repouso para meus pés doloridos, da longa jornada desta vida, bati em tua porta e pedi abrigo, porém antes da resposta, sentei-me em tua mesa, comi da tua comida, embriaguei-me da tua bebida e fiz dos teus irmãos meus amigos. Nos dias em que teu pequeno palácio foi meu albergue, passou por meus olhos parte da alma do mundo, todo o mundo que me assusta, que faz eu me esconder, me guardar dentro de mim para que parem de me rasgar a pele e me arrancar pedaços, por isso chamei minha dama de companhia, minha protetora e irmã, parte de mim, para que estivesse a minha frente nesse lugar, para ninguém me pudesse fazer mal.
Ela, com toda sua destreza em manipular pessoas, fez daquele reduto uma festa, laçou a volúpia no ar e lembrou a todos que desejos são para serem satisfeitos, tornou a jogatina um vício, e a embriagues objetivo, e quando seus olhos caíram sobre tí, excitou-se na alma, na pele, nas narinas e em mim, despertando luxúria prometida porém adormecida para outros.
Nas pedras brancas com pontos negros, a postavam-se almas, sangue, suor, sexo e cervejas, ali decidia-se quase que sem critérios o destino de algumas pessoas, ousei naquela mesa de apostas, apresentar-lhe Ela, e com voz baixa sussurrando em seu ouvido, Ela lhe disse:
-Prazer Alice.
Noites barulhentas aquelas, e nos teus intensos olhos, desejo por Ela, entre tantas Ela seduziu a tua vontade, a tua necessidade não satisfeita por outras, e aceitou o convite para teus lençóis que fervem, Ela dormiu contigo, vc acordou comigo, Ela dormiu com outro. Estranho acordar com alguém que não se conhece, não sei quem é vc, não me deitei com NENHUM homem, e este não é o homem com quem me deitei. Há algo de diferente em vc, seus olhos já não estão tão intensos e vazios, na verdade estão doloridos, é isso, isso msm, vejo uma pequena dor em seus olhos. Desculpe não é da minha conta.
Talvez eu volte amanhã, talvez Ela, com certeza ela, Ela voltou, e continuou com o desejo em sua boca, e a presença do outro, que era teu, mas não vc, lhe fervia o sangue de cobiça, e o sexo de anseio, já eu, quase sem saber te desejava, não para mim, mas comigo.
Nas pedras brancas com pontos negros, a postavam-se almas, sangue, suor, sexo e cervejas, ali decidia-se quase que sem critérios o destino de algumas pessoas, ousei naquela mesa de apostas, apresentar-lhe Ela, e com voz baixa sussurrando em seu ouvido, Ela lhe disse:
-Esse é o meu jogo, minha sorte, seu amor, minha aposta.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sal, cimento e pelos


Já reparou como as gotas de água dos chuveiros se assemelha com a chuva, gotejam pouco a pouco até que quase se torne muitos fios únicos de água que escorre pelos ralos, a água que era limpa acaba escoando para algum lugar sujo, igual a chuva, a msm chuva que vem lavar as ruas de seus pecados, porém os chuveiros só lavam as sujeiras externas. Então te digo saia daí, gosto de vc assim como está, o teu cheiro ardido de mais um dia que envelhece para nós, vem aqui deita ao meu lado nesses lençóis mornos que esquentei para ti, desfrute deste corpo que te deseja a alma, a essência mais pura do teu ser, a tua força vital, me mostre o lobo dentro de ti, sem pudores hoje esta carne febril é sua, me conte seus pecados, aqui eles não são pesados e nem julgados, me dê o prazer de estar contigo por inteiro, de ti ter por completo dentro de mim, sem amarras, como amantes onde o passado pouco importa, onde o nosso universo se limita a essas quatro paredes empregnadas pelos cheiros da nossa paixão, faz de mim sua morada, do meu peito teu descanso, hoje, amanhã e todos os dias da NOSSA eternidade. Não use esse sal, cimento e pelos sobre seu corpo para construir uma parede entre nós, este peito doi quando seus olhos endurecem, ficam gelados como pedra, não se faça distante, espaço e distancia são bem diferentes, a distancia com o tempo se torna um abismo que em algum momento te leva para dentro dele, o espaço é ausência consentida e não tem a força de um abandono.
Eu vou aprisionar a luz do sol em um pequeno vidro de compotas para que seus dias nunca sejam cinzas, abraçarei e te manterei aquecido no meu corpo toda a duração do inverno para que nunca sintas frio, alimentarei a sua boca, seu estômago, sua alma e o seu sexo, quando a fome a porta lhe bater, roubarei o brilho da lua e darei para ti, assim nunca terá medo do escuro, serei o alcool que te embriaga e o ombro que te carrega todas as vezes que o cotidiano te cansar, serei sua amiga,companheira, mulher, cumplice e amante sempre que precisar de um colo feminino, mas também sei aquela que lhe dirá toda a verdade, a dura verdade, e em voz terna apontarei seus erros para que não se ludibrie com o mundo ou viva enganado com suas certezas, serei o teu tão desejado espaço para que sempre ao meu regresso os seus olhos me esperem com doçura.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Agora que te amo com mais calma


Pobre criança, se cegou com a claridade do dia, que entra por essa janela com cortinas arreganhadas, pobre criança engasgou-se ao despertar, estava feliz em seu sono lúdico, em seus sonhos coloridos, mas todos temos que acordar, tenta se levantar da cama, mas algo pesa sobre suas costas, seus pés não alcanção o chão, mas com esforço a ponta dos dedos toca algo, mas não é o chão criança, são restos, restos do teu passado, resto de pessoas que passaram por este quarto. Mas não se desespere não há nenhuma alma aqui, vc nunca as aprisionou, só fez questão de ter restos, para alimentar o seu vício na dor de vez em quando, lembra? Não lembra, vc não lembra criança, porque não quer lembrar, vc quer achar que é por acaso, que é normal ter tudo isso tão próximo de ti, vc quer manter porque acha que já faz parte de ti, acredita que se deixa-los ir embora vc perderá parte da sua identidade, da sua inspiração, da sua respiração. Mas isso não é verdade, vc já existia antes destas pessoas, elas só fizeram contigo o que o mundo faz com todos, passaram, levaram e deixaram algo, por vezes o levado doi um pouco e o que é deixado amarga a boca como leite azedo, mas vc nunca pode levar isso para sua alma, nunca! Mas vc o fez, não só levou como ofereceu morada, e o que dentro de ti era macio, seguro e aconchegante, como o porto oferecido a navegantes exaustos e perdidos, hoje se tornou espinhento e cheio de pregos, de coloração vermelho sangue quase pútrido.
Minha criança aproveite agora este despertar, aproveite este engasgo e vomite, coloque tudo para fora, tudo isso que te faz mal, não se apegue a este azedume, vamos tratar deste seu vício pela dor, eu estou aqui para fazer curativos em suas feridas, eu quero lhe mostrar que é possível viver intensamente, mas sem dor, quero lhe mostrar que tudo pode passar mas vc vai continuar, o vento e a maré sempre mudam a areia de lugar, não é por isso que deixa de ser areia.
Vamos voltar ao básico, quero lhe mostrar que pode ser simples e ainda assim lhe tirar o folego. Lave-se desta crosta de restos, livre-se desta dessa lepra que carrega contigo e te faz aos pedaços. Quero vc por inteiro, quero cuidar de cada ferida até que não exista mais nenhuma, quero te alimentar de sonhos e esperanças (vc anda meio carente destes), quero que vc volte a sonhar quero que acredite, quero te dar uma nova inspiração, uma branca e leve, como uma pluma que dança no vento. Vem comigo me deixa te amar e te alimentar, te acolher nos meus braços e te dar um porto seguro, te receber em minhas pernas e saciar o seu mais vil desejo. Vem comigo me deixa te mostrar a alma doce do mundo, e quando vc estiver são, poderá olhar nos meus olhos e reconhecer o albergue da tua juventude.

Reverberar em meu ventre


Queria ter um fruto, um fruto deste amor que verdeja dentro de mim, como as árvores florescem multicoloridas na primavera, como flamboians que transformam o chão dos seus recantos em tapetes macios de pétalas de flores, mas sei que sou incapaz, completamente incapaz, sei que sou inerte, vazia, estéril, quase sem utilidade, como figueiras que não dão figos. Também sei que acabou de amanhecer para nós, que ainda somos como tímidos raios de sol no início de uma manhã de inverno, nós...é tão bom poder conjugar na primeira pessoa do plural, poder dizer-se assim tão de outro alguém, e gostar disso.
Queria sentir este amar crescer dentro de mim, da forma que não se controla, que para se ter o mínimo de moderação, precisa-se romper por completo com aquilo, devaneios meus, é ainda tudo tão novo e quase infante entre nós, mas dentro de mim é intenso e desmedido, por vezes é quase contra todas as leis, em rompantes de felicidade ao seu lado me pego desejando tanto o crescer deste fruto, não para agora, mas quem sabe para um futuro não mt distante, e neste momento uma tristeza cálida, meio opaca, me arrebata, a constatação do não poder é mt pior do que a certeza do não querer, esta certeza tão companheira de anos a fio, que agora tornou-se uma completa estranha.
Não gosto e nem quero me sentir culpada por desejar algo tão bonito, acredito ter o direito, porém não o privilégio de exerce-lo. Gostaria demais poder embalar este amor em meus braços, senti-lo reverberar em meu ventre, talvez a segunda melhor sensação que sentiria na vida, a primeira sem dúvidas é vc dentro de mim, e te alimentar no seu mais intimo, no instante da sua pequena morte, no exato momento em que toda liberdade fica pequena.
Uma ansiedade se da sobre este desejo por vez ou outra, esse desejo de perpetuar esse amor em mim, por que msm que um dia se acabe, que não reste mais nada, que não sejamos mais importantes um para o outro, que desapareça toda poesia, eu ainda teria junto ao meu seio, parte de nós, o melhor de nós, para eu poder ensinar onde fica o melhor lugar do mundo, para que eu pudesse aconchega-lo lá, e para que sentisse o msm que sinto quando é no teu ombro, ouvindo teu forte coração bater a cada segundo, o som da minha felicidade.
Me entristece, mas não enlouquece essa INCAPACIDADE, (é essa msm a palavra, não consigo achar outra que descreva melhor a situação) não por mim, mas pelo mundo, é quase cruel priva-los de poder ter um outro alguém que se assemelhe com vc na própia essência, os traços mais fortes poderiam ser o seu talento ou personalidade, talvez seus olhos, as pequenas jabuticabas brilhantes, poderia até ser seu mau humor ou seus pés feios, mas ainda assim seria um presente para mim e para o mundo.
Pense bem meu bem, fazer da minha carne tua carne, do teu sangue meu sangue, dividir nossas almas, brincar de deus e fazer uma nova vida, seria a forma viva do meu texto mais intensamente escrito, meu livro publicado, a sua mais bela obra, sua mais perfeita escultura.

Encaixe perfeito


Sinto teu gosto só de chegar perto, o seu cheiro que arde as narinas, que enche a boca, o desejo que toma meu corpo. Entre as pernas é onde eu queria vc, exposição do corpo, dor para acalmar o desejo, masturbação em lugares públicos, sanidade duvidosa, vício!
Volúpia em seus lábios, delírio febril do corpo, desejo insaciável, cheiro transtornante, zonas úmidas, pés na janela, saudade. Um encontro erótico e criativo nas luzes vermelhas, um encaixe perfeito para meu instrumento de desejo, secreções acumuladas na calcinha, como em uma bandeja que carrego durante o dia inteiro, despertar da minha luxúria presente, na mente...tormento, a paixão inflamada.
Me conte ao pé do ouvido o seu segredo mais sujo, enquanto suas mãos deslizam pelos meus quadris.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Não se desespere para caçar borboletas


Moça, jovem moça que não sabe que é que moça, que se perde como menina, com olhos que expõem sua alma, não faça isso!

O mundo não merece sua alma assim de graça, não se entregue como criança que pede colo. O mundo é cruel e feio, é mesquinho, fedorento, é sujo, mas eles sempre querem ludibriar jovens moças, com suas luzes brilhantes, com suas promessas vazias, esse grande cabaret, vermelho e cheio de plumas, não pode satisfazer seu coração.

A vida, a sua vida, não é para ser vivida em um minuto, vc pode ter o mundo, vc pode conquistar o sol, e aprisionar o vento, vc pode! É tudo seu, e todos sabem, por isso fazem da forma que fazem, é triste demais para eles ver uma princesa, que nasceu princesa, por virtudes próprias, por um coração limpo. Não queira viver a vida dos outros, vc terá o seu tempo, não deixem que te usem para depois cuspirem em vc, não deixem que te aprisionem em um vidro de colecionar almas, eles só querem te usar até sobrar apenas sombra da doce criança que já foi.

Te aguenta mais um tempo, vc vai entender esse universo dentro de ti, vc vai aprender como tanto deseja a expor sua alma sem perde-la, tudo que vc viu até agora é parte deste aprendizado, não se desespere para caçar borboletas, vc não quer ver a beleza e a liberdade morrerem à sua frente espetadas em um pedaço de isopor com um alfinete torto e enferrujado. Você tem uma forte fragilidade, uma infantilidade adulta, reconheça-se nisso, procure aceitar de coração aberto essa sua loucura cheia de razão, não há nada de errado em ser intensa demais, em querer sentir na pele cada minuto que se vive. Porém nem todos podem fazer o msm, e te invejam por isso. Pare de se machucar, pare de se mutilar pelos outros, eles não merecem a essência da tua alma, essas lágrimas são para serem guardadas em vidrinhos de cristal com tampas de ouro, pois vc nunca deveria chorar.

Abra os olhos, pare de querer trazer o mundo para dentro de sí, não deixe torpe sua alma. Minha criança perdida neste mundo de desdem, conserve-se espontânea,com esse sorriso largo e farto, inteligente, argumentativa, provocante, menina, mulher, livre!

Pequena, vc vai encontrar o que mais deseja, essa tempestade dentro de sí nunca irá acalmar, mas vc irá entende-la e ama-la, vc enxergará o seu lar,sua cama, seu ninho, vc sempre terá braços justos e verdadeiros para te acolher como uma mãe, vc sempre terá o melhor lugar do mundo.