quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Reverberar em meu ventre


Queria ter um fruto, um fruto deste amor que verdeja dentro de mim, como as árvores florescem multicoloridas na primavera, como flamboians que transformam o chão dos seus recantos em tapetes macios de pétalas de flores, mas sei que sou incapaz, completamente incapaz, sei que sou inerte, vazia, estéril, quase sem utilidade, como figueiras que não dão figos. Também sei que acabou de amanhecer para nós, que ainda somos como tímidos raios de sol no início de uma manhã de inverno, nós...é tão bom poder conjugar na primeira pessoa do plural, poder dizer-se assim tão de outro alguém, e gostar disso.
Queria sentir este amar crescer dentro de mim, da forma que não se controla, que para se ter o mínimo de moderação, precisa-se romper por completo com aquilo, devaneios meus, é ainda tudo tão novo e quase infante entre nós, mas dentro de mim é intenso e desmedido, por vezes é quase contra todas as leis, em rompantes de felicidade ao seu lado me pego desejando tanto o crescer deste fruto, não para agora, mas quem sabe para um futuro não mt distante, e neste momento uma tristeza cálida, meio opaca, me arrebata, a constatação do não poder é mt pior do que a certeza do não querer, esta certeza tão companheira de anos a fio, que agora tornou-se uma completa estranha.
Não gosto e nem quero me sentir culpada por desejar algo tão bonito, acredito ter o direito, porém não o privilégio de exerce-lo. Gostaria demais poder embalar este amor em meus braços, senti-lo reverberar em meu ventre, talvez a segunda melhor sensação que sentiria na vida, a primeira sem dúvidas é vc dentro de mim, e te alimentar no seu mais intimo, no instante da sua pequena morte, no exato momento em que toda liberdade fica pequena.
Uma ansiedade se da sobre este desejo por vez ou outra, esse desejo de perpetuar esse amor em mim, por que msm que um dia se acabe, que não reste mais nada, que não sejamos mais importantes um para o outro, que desapareça toda poesia, eu ainda teria junto ao meu seio, parte de nós, o melhor de nós, para eu poder ensinar onde fica o melhor lugar do mundo, para que eu pudesse aconchega-lo lá, e para que sentisse o msm que sinto quando é no teu ombro, ouvindo teu forte coração bater a cada segundo, o som da minha felicidade.
Me entristece, mas não enlouquece essa INCAPACIDADE, (é essa msm a palavra, não consigo achar outra que descreva melhor a situação) não por mim, mas pelo mundo, é quase cruel priva-los de poder ter um outro alguém que se assemelhe com vc na própia essência, os traços mais fortes poderiam ser o seu talento ou personalidade, talvez seus olhos, as pequenas jabuticabas brilhantes, poderia até ser seu mau humor ou seus pés feios, mas ainda assim seria um presente para mim e para o mundo.
Pense bem meu bem, fazer da minha carne tua carne, do teu sangue meu sangue, dividir nossas almas, brincar de deus e fazer uma nova vida, seria a forma viva do meu texto mais intensamente escrito, meu livro publicado, a sua mais bela obra, sua mais perfeita escultura.

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