quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Meu pequeno mundo


Estava aqui, no silencio escuro desta casa, cuidando do pequeno mundo em minhas mãos, sonhando com aquele futuro colorido que se projeta ao longe, guardando as pequenas relíquias da vida nos frasquinhos de vidro sobre a mesa, na calmaria destes dias que de súbito me roubaram. Me roubaram tudo, esta casa, estes sonhos, meu escuro, meu silencio rompido por quem toca a porta.
A verdade que lhe diz que o teu sonho é tão frágil quanto os frasquinhos de vidro que estavam em suas mãos, corre de um lado para o outro e tenta fugir do teu algoz, mas não adianta, estou na sua sombra, e lhe toco o ombro com a mão pesada que carrega as tuas lamúrias, não se esconda, eu sei onde te encontrar, não adianta chorar porque suas lagrimas só me alimentam, sei do teu medo, e sou o seu medo, e você mora em mim dentro do frasquinho de vidro, no pequeno mundo em minhas mãos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Inacabado


--Foi bastante complicado para Ela.
Porém, passado o momento angustiante, Ela, pouco a pouco abre seus pequenos olhos. Olhos indefesos, desprovidos, ingênuos.
Começa a sentir o ar...Nota-o exacerbado. Faz uso de sua visão, no entanto, pouco ela poderá lhe oferecer. Tamanha claridade cega-a.
Ela é sensível, sente que seu lugar não é aqui.
Está inacabado tal qual canto sem música; fruta sem semente, flor sem aroma.
Passa o tempo em seu delírio, solidão.
Ela se tranca.
Cai em descanso profundo e põe-se a meditar.
Vem dia, vai dia...vem noite, vai noite...
Até que, então, a nostalgia que reservava em seu coração torna-se calmaria. Ela não deseja sucumbir no mar da incompreensão.
Não! Quer experimentar.
Sentir cada gota de orvalho a cair em sua face, vislumbrar a dança dos vaga-lumes no cair da noite, ouvir o falar dos pássaros.
Ora, vejam! Ela despertou!
Encontrou, enfim, a parte que lhe faltava.
Doravante poderá crer em todos os seres, achou a essência do seu viver, e por isso, Ela passa com formosura. Enfeitiça a todos que para Ela desviarem o olhar.
Agora permanecerá eternamente com esta forma. Gozará de tudo que esta vida possa lhe dar, vivendo intensamente todos os seus suspiros e alcançará a mais plena felicidade. Portanto, abandone a obscuridade, tente entendê-la, não tenha medo. Acredite em sua essência, não desconfie da vida.
Algum dia a vida revelar-te-á a parte que lhe falta, pequena lagarta.
Há de se transformar em uma admirável borboleta, e alcançará a mais plena felicidade!