segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mentira


É mentira, é mentira e tudo mentira, conto-lhe com pesar a verdade de que não adianta dar teu sangue, não adianta chorar rios, não adianta esfolar os teus pés e mãos tentando fazer o que não se pode, há dias em que o mundo simplesmente não te enxerga, e há épocas que as sombras de outros te encobrem.
Repetindo o ato e o rito dedicando-me ao mundo por completo, fazendo o melhor de mim, escrevendo torto por linhas retas, no fim só se vê as curvas, e parece que toda a poesia perde o encanto por conta das amaldiçoadas curvas, curvas que desfiguram tudo, que fazem perder o sentido e a beleza, as curvas do meu corpo.
Vou fazer-me esquecer o mundo, e quero que ele me esqueça tbm, porque já é vista a certeza de que não serei nada melhor, manterei os bons modos que me foram ensinados, manterei o animal que uiva dentro de mim, manterei-me blasé enquanto o mundo mergulha no caos.
Não sei viver pela metade, e não sei e não quero aprender, contudo também não quero me aflorar como dona da verdade.
Inclino presentes ao colo que me abriga, tais como primaveras e gargalhadas e não entendo a volta de céus cor de gelo e tempestades no olhar, então é uma falta minha, tudo me é devido responsabilidade do mal sobre tua casa, da praga nos teus campos, e da seca nas tuas fontes. Me deixe dormir, mas me deixe no teu ombro para que eu possa sonhar que tudo isso é mentira, é mentira e tudo mentira.

Nenhum comentário: