quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Coxas mornas


Admiro este homem deitado em minha cama, em um sono pesado de quem desfruta de algo essencial mas tbm racionado, este homem que logo assim que os raios de sol invadirem as janelas e rasgarem as cortinas despertará para mais um novo dia, e abandonará minha coxas mornas, ele se levantará dos meus lençois, e sentirá nas costas todo o peso de sua responsabilidade, partilhará comigo um café quente e um banho frio, vestirá suas roupas, me dará um beijo na testa e dirá com voz mansa que não deseja ir, mas terá, na porta me oferecerá um sorriso doce e um abraço apertado de despedida, para iniciar mais um dia pesado para ele, dia dividido entre cimento, andaimes e cal.
Em sua breve hora de descanso, me contará ao telefone seu cansaço e desanimo de um dia quente, mas ainda assim notarei em sua voz a satisfação de fazer o que se gosta. Ele voltará para sua rotina desgastante, entre luvas de procedimento, botas pesadas, cintos de segurança e capacetes, ele cumprirá com suas obrigações daquele dia.
Ao seu regresso o estarei esperando para servi-lo, não por obrigação, mas por orgulho de suas virtudes, lhe lavarei os pés para aliviar sua dor, lhe alimentarei a boca para lhe manter sempre forte, lhe satisfarei o sexo para agrada-lo em demasiado, e oferecerei o teu tão merecido descanso outra vez em minha cama e em minhas coxas, para que amanhã seja um novo dia.

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